segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Durante tempos não consegui ter a possibilidade de escrever no meu blog por razões que me são completamente estranhas, por essa razão, hoje, limito-me a estas palavras, na esperança de continuar logo à noite...
Tenham um bom dia.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A MORTE DO REI DO TERROR



Não resisto em traduzir este artigo do Fernando Sánchez Dragó, no El Mundo de 3 de Maio deste ano. Tem como título, elucidativo, "Terrorismo de Estado" e o jornalista tem exactamente a mesma opinião que eu.

São as 7 da manhã de 2 de Maio. Acabo de saber que deram ordem para matar o Velho da Montanha. Estas são as minhas primeiras e muito felizes impressões de eterno dissidente. Quero comprovar em que medida os factos me dão razão! Espero que ma retirem! Mais tarde ou mais cedo saberemos.

O assassinato de Bin Laden é uma bomba de explosão retardada. As sua consequências chegarão na forma de círculos concêntricos. As vinganças servem-se em pratos de fiambres, não só porque sejam frias, mas sim porque nesta ocasião, as que houver serão de mortadela. El Mahdi de pacotilha a que aludo, sempre me pareceu um filho da puta, mas isso não serve de alibi para o crime a não ser que pensemos, como pensavam os nazis e os bolcheviques, que o fim justifica os meios.

O Estado chama terrorismo à violência exercida contra ele, e legítima defesa à sua própria violência. Assaltar um domicílio e fritar a balaços a quem o habita não é um acto de guerra. Bin Laden, nesse momento, não ameaçava os que apertaram o gatilho. O sheriff de Rio Bravo, que era John Wayne dirigido por Howard Hawks, te-los-ia enforcado. Para quê tanto júbilo? Não nos transformemos em canalha. A morte de Osama Bin Laden é, além disso, sumamente inoportuna.

Al Qaeda não vai desaparecer só porque o seu fundador tenha voado para o jardim celestial que o Profeta lhe tinha prometido. A insurgência talibã aumentará os seus brios e as forças de ocupação do seu país te-lo-ão cada vez mais difícil. Haverá atentados no coração do Ocidente. O petróleo escasseará e os seus preços dispararão. Em Islamabad, cenário do crime, o integrismo poderia tomar o poder, o que traria consigo uma guerra nuclear por causa do conflito da Cachemira.

Em Tunes e no Egipto crescerão as expectativas eleitorais dos movimentos islamistas, que por si, no segundo país citado, são já de considerada importância, se bem que no primeiro estejam, por decreto congeladas. Nos Estados Unidos, a popularidade de Obama, subirá ao céu, que é um Zapaterito molenga e incompetente, e o patriotismo alcançará cotas similares às que em seu dia, foram conseguidas por essa lambisgoia chamada Bush.

É inútl, por óbvio, sublinhar o perigo inerente aos filhos do Tio Sam quando se põem a abanar bandeirinhas pelas ruas, a envolverem-se em auriflamas como se fossem sudários e a berrar canções inscritas em papel pautado de riscas e estrelas. O cano da pistola que matou Osama Bin Laden, está agora apontado à cabeça do mundo ocidental. Pim pam pum! Fogo!

terça-feira, 3 de maio de 2011

MUDAM-SE OS TEMPOS...




Encontrei uma notícia engraçada que mostra bem que a vontade do homem está é mais inconstante que as ondas do mar.


O regedor da alcaidaria de Madrid, Tadeo Bravo de Rivero, encomendou ao seu grande amigo Francisco Goya um quadro onde teria de aparecer o recém feito rei de Espanha, José Bonaparte. Era o ano de 1809.


Goya aceitou de imediato a encomenda que lhe iria render, nada mais, nada menos, que 15.000 reais, ou seja, uma grande quantia. O mestre decidiu pintar neste quadro um vínculo que unisse a figura do monarca com a corte e a capital do reino. O título que foi dado a esta obra foi "Alegoria da Cidade de Madrid", algo muito em uso nesta época.


Nesta pintura podemos ver representada uma mulher, tendo ao lado da sua mão esquerda um escudo da corte e da cidade de Madrid, onde se representava o madronheiro e o urso, e que com a direita assinala uma oval onde está representado o irmão de Napoleão, José. José I de España, como o fez o imperador...


A vida foi decorrendo, com pouca tranquilidade, para o invasor diga-se, e em 1812, o rei abandonou a capital, temporariamente...e então as autoridades do município decidiram retirar o retrato do usurpador e colocar a palavra "Constituição", constituição a que se chamou "La Pepa", e que tinha sido recentemente aprovada pelas cortes.


Mas uns meses depois, o títere regressou à capital e Goya teve de o voltar a pintar no lugar onde, anteriormente tinha estado, a oval. Na verdade, o genial pintor, detestava estar constantemente a modificar e refazer as suas obras, contudo tinha feito um juramento de fidelidade ao rei, quando foi nomeado Primeiro Pintor de Câmara e, por tanto, não tinha outro remédio senão comprazer o pedido, que seria mais ordem...


Como se sabe, chegou a bendita hora do reisote abandonar definitivamente a España, no ano de 1813 e, nessa ocasião, voltou-se a olhar o quadro com outros olhos e, mais uma vês, retirar o José e colocar a palavra "Constituição". Assim se fez.


Em 1814, o Rei absolutista Fernando VII, que tinha sido deposto, regressou ao trono espanhol e aboliu "La Pepa", a Constituição de Cadiz, havendo necessidade de retirar a palavra da oval. No seu lugar foi pintado o retrato do Rei reinante.


Até 1843, este esplêndido quadro, permaneceu nesta última forma, mas neste mesmo ano decidiu-se retirar o retrato do rei absolutista que tinha morrido em 1833, e voltar a colocar a "Constituição" que estava em vigência desde 1836, depois de estabelecido o liberalismo. Mas esta tarefa já não coube, felizmente, ao génio de Aragão, que tinha morrido em 1828.


Contudo não havia de parar por aqui a «movida» desta pintura madrilena e, em 1872, o marquês do Sardoal, Ángel Carvajal Fernández de Córdoba, que tinha sido nomeado há pouco tempo Alcaide de Madrid decidiu que se apagasse o dístico da oval e que ali deviam figurar as palavras "Dos deMayo", por ser um acontecimento genérico que "no estaba sujeto a las opiniones cambiantes de los hombres".


E assim termina a historias das andanças das políticas e mudanças do óleo do grande Francisco Goya.




terça-feira, 29 de março de 2011

11 de Março de 2011

The End

Cantam os anjos para tentar despertar os homens!Cantam os anjos para avisar os homens! Os homens estão surdos.

«O Grande Dragão só respeita as Serpentes da Sabedoria cujas tocas se encontram, hoje, debaixo das Pedras Triangulares.» Livro Tibetano Dzyan

O Grande Dragão é o Dilúvio Universal, com as suas ligações astrológicas com a constelação de Dragão. As Serpentes de Sabedoria, são os grandes iniciados, os Noés ou Manus. As Pedras Triangulares são, no sentido lato, as pirâmides que se encontram nos «quatro cantos do mundo.»

Pelos «quatro cantos do mundo» aparecem avisos do fim, mas a soberba do homem não os ouve.

Leia-se atentamente o Apocalipse de São João.
Central Nuclear de Chernobil. Central Nuclear de Fukushima.
Eu não durmo tranquilo. Boa noite...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

SUZY SOLIDOR

Man Ray

A notícia que apareceu na imprensa diária rezava, mais ou menos assim: "A 30 de Março de 1983 morreu às 20:30, em Haut-de-Cagnes, Cagnes-sur-Mer, Suzanne Rocher, conhecida como Suzy Solidor, cantora de cabaret e diva dos anos 1930. Descendente do corsário Surcouf, pelo lado do pai, Suzanne Rocher nasceu no lugar de La Pie, perto do burgo de Saint-Servan, Ille-et-Vilaine, perto de Saint Malo, a 18 de Dezembro de 1900. Suzy Solidor é o protótipo de «la garçonne» e o símbolo da emancipação encarnada."

Esta pequena homenagem era, evidentemente, para ser feita no dia 30 de Março, mas como hoje me apareceram as fotos, decidi avançar.
Quando eu, pelos anos de 1969 frequentava a casa de Carlos Carneiro, um grande aguarelista do nosso país, de quem fui amigo até à sua morte, das coisas que mais me fascinavam, eram as histórias que o Carlos contava dos seus tempos de Paris. Nessas narrativas das viagens que fazia com o seu amigo Abreu, aparecia, com certa saudade, o nome de Suzy Solidor. A Solidor.
Filha de mãe solteira, Louise Marie Adeline Marion de 28 anos, foi baptizada com o nome de Suzanne Louise Vlarie Marion, nome este que veio a mudar quando a mãe contraiu casamento com Eugène Prudent Rocher, para Suzy Rocher.
Já entrado o ano de 1920, vai para Paris e, mais uma vez ,muda o seu nome para Suzy Solidor, nome que vai buscar a um lugar de Saint-Sevan, onde viveu.


Vandongen

Foi uma importante modelo de alta costura e, em 1930, abriu na Cidade da Luz, um nightclub, muito chic, com o nome de La Vie Parisienne. Toda a gente passou pelas sua salas, desde escritores, pintores , escultores, enfim o supra sumo, melhor dizendo la crème de la crème, da sociedade da capital francesa.
Considerava-se "a mulher mais pintada do mundo", pois posou para os grandes pintores do seu tempo, como Picasso, Braque, Dufy, Carlos Carneiro,




Com Jean Cocteau em Paris

Marie Laurencin, Picabia, Van Dongen, etc. Exigia-lhes, para posar para eles, que os quadros ficassem pendurados nas paredes do seu club. La Vie Parisienne era já um dos mais famosos lugares de Paris, quando aparece a grande pintora Tamara Lempicka, que é apresentada à Solidor. Desde esse momento desenvolve-se entre as duas uma amizade grande, que mais tarde se veio a transformar numa paixão que, segundo o Carlos era um pouco tempestuosa.
Tamara Lempicka

A Lempicka, quando Suzy lhe falou para que a pintasse, como tantos outros tinham feito, decidiu pôr uma condição. Sim senhora, pintaria, mas toda nua. O retrato ficou pronto em 1933.


Malta

Durante a ocupação alemã, como tantos outros lugares de Paris e da França, muito conhecidos e mesmo famosos, foram "ocupados" pelos oficiais alemães, que ali se iam divertir à noite. Por essa altura em 1941, gravou a sua "Lily Marleen", que foi um sucesso tão grande, que a Marlene Dietrich teve uma fúria. Tinha a letra em francês. Depois da guerra, há que afirme que injustamente, foi culpada de colaboriacionismo, pela Épuration Légale.

Fujita

Segundo li, escreveu-se muitíssimo sobre ela, muito em relação à sua homosexualidade, à sua beleza escultural e a forma pouco conservadora como a mostrava, as suas numerosas conquistas amorosas, a vida um pouco turbulenta e o número de pintores que lhe ofereceram o seu traço para a desenharem e pintarem. Por estas obras podemos dar-nos conta da personalidade desta mulher, hoje esquecida, que tanto imperou em Paris.
A cinquenta ou sessenta anos de distância, é muito difícil fazer-se uma ideia de Suzy Solidor, através das fotografias, das gravações, dos pedaços de film que ela nos deixou.

Picabia

Os seus cabelos eram dourados, ancas largas, ombros de nadadora, o seu modo de olhar - é interessante que olha sempre de lado nunca fixando a câmara de frente - são marca da sua época. Tinha uma forma de dizer - aujourd'hui - com um sotaque snob, usava uns processos para despachar aqueles que a queriam entrevistar, que ficaram conhecidos e tudo isto era mais que suficiente para conhecermos a personalidade da pessoa em causa, e da sua forma de abordar a vida. São , porém, apontamentos anedóticos. Se se cavar um pouco, no interior desta mulher, acabamos por compreender que por baixo deste exterior, que ela deixa transparecer, existe frieza e uma dor que não se pode exprimir. Há um clip dos anos 50 ou 60, que nos permite conhecer mais de Suzy, que todas as telas, fotografias, canções ou filmes que possamos ver.

Eisenschitz

Quando era pequena e cantava no coro da igreja da terra, o cura costumava dizer que havia um rapaz no lado das raparigas, referindo-se à sua voz com notas quase guturais, que ela nos deixou em numerosas gravações de canções. Era uma voz de bares de marinheiros, que parece vir dum lugar desconhecido, a que fez dela uma grande interprete.

Carlos Carneiro

O seu Lily Marleen, cantado em Francês, ficou inesquecível e, segundo o Carlos Carneiro, ao ouvi-la a Dietrich teve uma fúria, como já tinha contado, e começou-se então a falar de colaboracionismo...Pode-se, hoje, criticar o seu reportório composto por tangos e rumbas, valsas - ela dizia-se uma diseuse, não cantora - mas se esquecer-mos o antiquado, os arranjos da época, não podemos deixar de ficar admirados perante a cantora que conseguiu fazer transcender tudo em que tocava...

Nota: Há algum material mo youtub

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ÁGUAS E PEDRAS

É conhecido que as nascentes de água são, desde tempos imemoriais, lugares de culto e os antigos celtas deixaram-nos vários testemunhos disso, que poderemos verificar através de dados históricos. Esta atitude é algo muito comum em muitos povos indo-europeus, e são conhecidas grandes quantidades de poços e nascentes ao longo de toda a Europa, muito especialmente nos países considerados célticos, conforme encontramos referido em Jons e Pennick. Somente na Irlanda foram catalogadas 3.000 poços sagrados, na Inglaterra centenas e no País de Gales 1.170, tendo-se encontrado em 200 lugares, capelas cristãs construídas ao lado dos poços que eram pagãos. Este processo de cristianização, o aproveitamento da religião antiga para levarem as suas demolidoras ideias avante, é comum em muitos pontos do globo e em épocas várias.
Havia certas nascentes que eram consideradas pelos antigos celtas, como o limiar do Outro Mundo, ou mesmo a entrada para ele. Esta entrada também se podia encontrar num Sidh que é um lugar por baixo de uma colina, um castro ou um monumento megalítico.
Esta adoração de lugares de água é notável na tradição celta e verifica-se, ainda hoje, tanto na Galiza como no Norte de Portugal, que continua a ser Galécia, no caso das fontes e nascentes sagradas e cristianizadas, algo que encontramos em Blazquez Martinez e no Prof. Leite de Vasconcelos, consideradas benéficas em todos os sentidos e, em muitos casos, na maior parte, penso eu, aqui encontramos construídas capelas dos cristãos, onde se evoca um santo ou uma santa de forma absolutamente pagã.
No Noroeste peninsular também os rios eram profundamente reverenciados, sendo disso exemplo o rio Lima que se considera com propriedades mágicas, e o Tâmega frente ao qual os lavradores têm por costume sacrificar um galo cujo corpo, depois de morto, é lançado às águas a fim de lhe pedirem protecção nos anos de grandes chuvas e inundações.
Também o mar era tido como sagrado para muitos indo-europeus e , entre eles os celtas. Em Lanzada, Galiza, na Póvoa do Varzim e em muitas praias portuguesas, continua a existir o ritual do banho das nove ondas. Estes banhos também são usados para as mulheres que têm problemas para engravidar, e tem claros paralelos no mundo céltico irlandês, onde o número nove possui grandes poderes, por ser mágico. Pode-se verificar isto em vários relatos, como por exemplo este, muito antigo onde se narra como os tripulantes de um barco tentaram passar a nona onda, para deixarem para trás a costa, pois passando esta barreira mágica ficariam livres de ser contagiados por uma peste mortal que se tinha espalhado pela ilha; e ainda outra narrativa que relata que quando Morfhind, em bébé, foi lançado ao mar, saiu para a superfície ao passar a nona onda e disse nove palavras que foram nove sentenças a partir dali; no Leabhar Gabhála, o chamado Livro das Invasões, no tempo em que os celtas se viram confrontados com os Três Reis de Tuatha Dé Dannan, Mac Cuill, Mac Cecht e Mac Grein, aceitaram a sentença que o Druida Ameirgin proferiu, e retiraram-se para o mar até ser alcançada a distância de nove ondas. A grande importância do número nove no Noroeste da Península Ibérica é comum. Em toda a Galiza o nove é considerado propício e favorável, e a crença de nona onda já esteve espalhada por todo o seu território e, evidentemente, pelo Norte de Portugal.
As pedras são outro grande motivo de adoração. A existência de um forte culto destas entre os indo-europeus, é mais que conhecido. As pedras, certas pedras, eram consideradas mágicas, e este facto era muito marcante nas populações celtas irlandesas, que as utilizavam em actos mágicos ou religiosos para proteger a população contra qualquer tipo de doenças.
Há, na Cornualha, uma pedra famosa, conhecida por Logan Stone, que balança e possui propriedades mágicas, como, por exemplo, conceder aquilo que lhe era pedido, desde momento que a conseguissem fazer mover.
Esta pedra tem paralelo na Galiza, em Muxia, chamam-lhe Pedra de Abalar, e em Portugal, onde há algumas e têm o nome de Pedras Bolideiras. Uma delas, a que se pode ver na fotografia e em cima da qual estou com o meu sobrinho Nuno Teixeira da Mota, encontra-se próximo de Santa Valha, Valpaços, e está junto de um antigo altar.
Na localidade de Lanyon, na Cornualha, a duas milhas de Penzance, há uma grande pedra furada que é conhecida por Men-an-Tol, e por cujo buraco era costume passar-se com a finalidade de se curar o reumatismo e o raquitismo, bem como outras doenças. Na Irlanda, como no Portugal do Norte, acreditam que atravessar uma pedra furada provoca uma purificação do corpo e da alma, ficando a pessoa defendida contar a má sorte e doenças; na Breatanha céltica usam estas pedras como cura contra a infertilidade. Na Galiza os peregrinos e os visitantes atravessam a Pedra dos Cadís, em Muxia, para se curarem da mesma doença.