segunda-feira, 9 de maio de 2011

A MORTE DO REI DO TERROR



Não resisto em traduzir este artigo do Fernando Sánchez Dragó, no El Mundo de 3 de Maio deste ano. Tem como título, elucidativo, "Terrorismo de Estado" e o jornalista tem exactamente a mesma opinião que eu.

São as 7 da manhã de 2 de Maio. Acabo de saber que deram ordem para matar o Velho da Montanha. Estas são as minhas primeiras e muito felizes impressões de eterno dissidente. Quero comprovar em que medida os factos me dão razão! Espero que ma retirem! Mais tarde ou mais cedo saberemos.

O assassinato de Bin Laden é uma bomba de explosão retardada. As sua consequências chegarão na forma de círculos concêntricos. As vinganças servem-se em pratos de fiambres, não só porque sejam frias, mas sim porque nesta ocasião, as que houver serão de mortadela. El Mahdi de pacotilha a que aludo, sempre me pareceu um filho da puta, mas isso não serve de alibi para o crime a não ser que pensemos, como pensavam os nazis e os bolcheviques, que o fim justifica os meios.

O Estado chama terrorismo à violência exercida contra ele, e legítima defesa à sua própria violência. Assaltar um domicílio e fritar a balaços a quem o habita não é um acto de guerra. Bin Laden, nesse momento, não ameaçava os que apertaram o gatilho. O sheriff de Rio Bravo, que era John Wayne dirigido por Howard Hawks, te-los-ia enforcado. Para quê tanto júbilo? Não nos transformemos em canalha. A morte de Osama Bin Laden é, além disso, sumamente inoportuna.

Al Qaeda não vai desaparecer só porque o seu fundador tenha voado para o jardim celestial que o Profeta lhe tinha prometido. A insurgência talibã aumentará os seus brios e as forças de ocupação do seu país te-lo-ão cada vez mais difícil. Haverá atentados no coração do Ocidente. O petróleo escasseará e os seus preços dispararão. Em Islamabad, cenário do crime, o integrismo poderia tomar o poder, o que traria consigo uma guerra nuclear por causa do conflito da Cachemira.

Em Tunes e no Egipto crescerão as expectativas eleitorais dos movimentos islamistas, que por si, no segundo país citado, são já de considerada importância, se bem que no primeiro estejam, por decreto congeladas. Nos Estados Unidos, a popularidade de Obama, subirá ao céu, que é um Zapaterito molenga e incompetente, e o patriotismo alcançará cotas similares às que em seu dia, foram conseguidas por essa lambisgoia chamada Bush.

É inútl, por óbvio, sublinhar o perigo inerente aos filhos do Tio Sam quando se põem a abanar bandeirinhas pelas ruas, a envolverem-se em auriflamas como se fossem sudários e a berrar canções inscritas em papel pautado de riscas e estrelas. O cano da pistola que matou Osama Bin Laden, está agora apontado à cabeça do mundo ocidental. Pim pam pum! Fogo!

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